O que falar sobre uma semana tão importante e que trouxe frutos de valor inestimável para a vida de centenas de pessoas da nossa cidade?
Nós fomos convidadas pela Primeira Dama de Recife, Dra. Cristina Melo, através do contato com o Porto Social, para participarmos da quinta edição da Semana do Bebê, e nós aceitamos o convite com muita alegria. Saímos da reunião com a cabeça fervilhando de ideias e convidamos especialistas da área da alergologia, gastroenterologia e nutrição para compor, junto conosco, o time de palestrantes e facilitadores sobres os temas relevantes que pensamos para o evento. Para a nossa extrema satisfação, todos eles aceitaram desde o primeiro momento o convite em contribuir de maneira inteiramente voluntária em apoio à nossa causa: a de disseminar informações seguras sobre o tema alergia alimentar, além de promover inclusão e respeito perante os alérgicos e suas famílias.

Na segunda-feira, dia 20/05, iniciamos a semana apresentando o workshop com a médica Gastroenterologista e Pediatra, Dra. Graça Moura, que trouxe importantes elucidações sobre o tema: “APLV – Mitos se Verdades.
Dra. Graça Moura é uma médica que faz a diferença por onde passa. Na fala dela: “Precisamos tratar o doente como um todo e não apenas a doença”, já que os seus pacientes são ouvidos, cuidados e avaliados com muito carinho. Além da destacada experiência como médica e técnica, ela é uma das profissionais humanas que encontramos por aí. Ela é a médica da minha filha mais velha, a Camila, somos fãs de carteirinha.
A Dra. Graça trouxe alguns dos principais mitos e também as verdades sobre o diagnóstico, tratamento e prevenção da alergia a proteína do leite de vaca, a famosa APLV. Vamos citar alguns exemplos de mitos e verdades: “Pacientes com APLV precisam retirar da sua dieta leite e carne de vaca”, “Todo mundo que tem APLV tem refluxo”, “Alimentos zero lactose podem ser consumidos por quem tem APLV”, “Leite de côco não contém leite de vaca”. Vocês acham que essas premissas são verdades ou mitos dentro do universo da alergia alimentar?
Além de esclarecer sobre estas informações que circulam por aí e nem sempre são verdades, a médica nos presenteou com uma aula sobre alergia alimentar. Trouxe o que há de mais atual sobre o TPO (teste de provocação oral), como conduzir, para que objetivos ele serve e quais os protocolos seguidos, falou da polêmica sobre as fórmulas ditas “hipoalergênicas” e que prometem prevenir alergia alimentar no segundo filho ou em crianças com pré-disposição para desenvolverem alergia alimentar, os critérios para definir um diagnóstico de FPIES (Food Protein Induced Enterocolitis Syndrome), seja ela na sua versão aguda ou crônica, a diferença entre alergia mediada por IGe e por células, bem como as mistas, entre outros temas de suma importância.

Na terça-feira, dia 21/05, a nossa proposta foi sobre a temática: “Amamentação e Alergia Alimentar”. Para este Workshop, convidamos a nutricionista materno infantil Bruna Franco, para dividir seu conhecimento junto conosco. Ela é uma profissional a qual muito admiramos e que faz o seu trabalho com muita dedicação e amor (além de ser uma linda e minha amiga também). Ela ainda por cima tem um filho que já teve alergia alimentar e tem toda a vivência prática sobre o tema em questão.
Nós debatemos assuntos como: a importância de seguir as orientações do médico que está conduzindo o caso e não retirar alimentos desnecessariamente da dieta materna por conta própria, quando a mãe que amamenta uma criança com alergia alimentar deve restringir a sua dieta e quando não precisa, os cuidados que devemos ter nas reposições nutricionais da mamãe que está restringindo uma ou mais proteínas sob orientação médica, os benefícios do leite materno, o seu papel na prevenção de alergias e a dieta preventiva na gestação (para as crianças que têm fortes chances de serem alérgicos alimentares por fatores genéticos), se ela tem embasamento científico e se pode mais ajudar ou prejudicar o binômio mãe-bebê. Foi um momento muito especial de troca positiva e salutar sobre o tema.

Na quarta-feira tivemos dois momentos de contribuição. Pela manhã estivemos na creche CMEI – Professor Paulo Rosas para trabalharmos com as crianças de uma turminha de 4 anos, que tem um aluno com alergia a proteína do leite de vaca.
Trabalhar com as crianças é sempre muito especial para mim. Como eles têm a nos ensinar sobre empatia, simplicidade e amor ao próximo, não é verdade? Eu sempre me emociono.
A proposta foi a de trabalhar o tema “Inclusão Alimentar na Escola” com os pequenos na metodologia de projeto (onde levamos a problemática e eles encontram possíveis soluções junto conosco). Depois sugerimos que a escola dê continuidade a uma ou mais ações pensadas por eles. No final nós trouxemos a oficina prática de pãezinhos de cachorro quente.



Na quarta-feira à tarde foi o momento de falarmos sobre uma temática de extrema importância: “Rotulagem e manipulação de alimentos alergênicos”. Quantos de nós já nos deparamos com dificuldades, sejam no ambiente hospitalar, sejam numa visita ao supermercado, quando se trata de conhecimento sobre o assunto rotulagem e manipulação de alimentos? Recebemos muitos depoimentos de pessoas que chegam aos hospitais e a equipe de nutrição não está sabendo conduzir a dieta de maneira segura, do ponto de vista da alergia alimentar. Por isso, a nossa proposta foi a de ampliar as o conhecimento de todos sobre o assunto trazendo informações tais quais: traços dos alergênicos e contaminação cruzada, como controlar?, Rotulagem de alimentos alergênicos no Brasil, em que pé estamos?, diferença entre os traços domésticos e industrializados, entre outros perante o tema proposto.


A quinta-feira foi dia de Anafilaxia. Esta palavra meio complicada, mas que representa uma reação alérgica grave, aquela que coloca em risco a vida de quem está sofrendo a crise. Para o tema, falaram os médicos alergistas Dr. Emanuel Sarinho e Dr. Filipe Sarinho.
Não sei se vocês sabiam desta informação, mas identificar uma crise anafilática nem sempre é uma tarefa fácil, inclusive para os médicos pediatras ou clínicos que atendem nas urgências. Estes profissionais normalmente estão vendo aquele paciente pela primeira vez e a crise anafilática pode se apresentar de múltiplas facetas. Ela pode ser confundida com uma sepse (infecção generalizada), por exemplo, e assim o paciente seria tratado com um medicamento que não é eficaz para salvar a sua vida. Outro problema que ocorre é um paciente chegar com uma anafilaxia na urgência, o médico identificar a crise alérgica, porém ele não saber imediatamente qual a dosagem do medicamento que deve ser utilizada, ou ainda aplicar a adrenalina intravenosa, em vez de intramuscular. Isso porque sabemos que a anafilaxia é uma crise alérgica bastante severa e que pode matar em minutos, por isso, qualquer demora poderá contribuir para o óbito do paciente ou ainda trazer complicações no tratamento da doença.
Os médicos convidados trouxeram a sua contribuição importantíssima mediante o tema proposto, que é de especial relevância.
Na Sexta-feira tivemos o nosso último workshop dentro da semana do bebê, mas não menos importante. A especialista convidada foi a nutricionista Cristiana Menezes, e ela falou sobre: “Introdução Alimentar para um Bebê Alérgico”. Quem conhece esta profissional sabe o quanto ela passa segurança, amor, e cuidado dentro do seu consultório, nas aulas e workshops que ela ministra. Ela é o tipo de pessoa que costuma inspirar o melhor de nós e ainda por cima tem o maior jeito com crianças.
Sobre o tema proposto, ela falou com maestria como é a sua abordagem para conduzir a introdução alimentar de um bebê com alergia, enfatizou inclusive que trabalha em parceria com os médicos que estão conduzindo o caso (sejam eles o pediatra ou o gastro pediatra), o que na nossa opinião faz toda a diferença quando se trata do bem estar da criança. Um atendimento multidisciplinar é fundamental para que consigamos atingir os objetivos ligados à promoção da saúde do paciente, e quando se há esta sintonia entre os profissionais que estão envolvidos, todo mundo só tem a ganhar, primeiramente aquele pequeno ser.

Depois de tudo ainda recebemos a notícia que iríamos, junto com todos os outros parceiros da Semana do Bebê, sermos homenageados em sessão solene solicitada pelo vereador Eriberto Rafael, ma Câmara Municipal do Recife.
Ficamos sinceramente felizes com a homenagem e apesar de nunca ter sido o objetivo principal das nossas ações receber quaisquer louros perante uma tarefa a qual ainda temos muito o que conquistar, foi bem especial estar diante de pessoas que assim como eu, sonham em viver num mundo melhor. Para isso, estas pessoas não ficaram de braços cruzados esperando que a mudança caísse do céu, elas foram lá e fizeram algo a respeito.



Para finalizar o nosso post com um resumo do que aconteceu na quinta Semana do Bebê de 2019, gostaria de agradecer ao Porto Social, instituição que nos facultou a oportunidade, à Prefeitura do Recife e à UNICEF, na figura da nossa primeira dama, Dra. Cristina Melo, que nos fez o convite para participarmos do evento. A toda a sua equipe que nos apoiou e deu o suporte necessário para que tudo pudesse acontecer (Sofia, responsável pela Atenção Básica do Recife, Mariana sua assessora e Cláudia do Mãe Coruja), os especialistas convidados: Dra. Graça Moura, Bruni Franco, Dr. Emanuel Sarinho, Dr. Filipe Sarinho, Cristiana Menezes. Dra. Andreia e toda a equipe do Hospital Português que trabalha no Ambulatório Maria Lucinda (eles me trataram como uma verdadeira princesa, com sorrisos, cafezinho, água e nos dando todo tipo de suporte que vocês puderem imaginar). O nosso fotógrafo, amigo e voluntário do projeto Tudo Sem Leite, Romildo Rocha e também para Amanda da Comercial Filhos do Céu, nossa parceira desde o início do Tudo Sem Leite e amiga também.
Então foi isso, pessoal.
Aguardem as “cenas dos próximos capítulos”, já que estamos preparando um material bem completo sobre nossos workshops na semana do bebê.
Beijos no coração,
Ju Jordán